terça-feira, 27 de maio de 2014

Voo e o landing

Como tudo na minha vida, tinha de haver emoção na viagem...

Cheguei no aeroporto em cima do horário, chovia muito em SP e pegamos um pouco de transito. Ao ir  no guichê para despachar as malas, descobri que cada mala minha tinha 2 quilos de excesso de peso. Ai que vontade de chorar!!! Pesei todas as bagagens em casa, mas aparentemente minha balança me roubou em dois quilos. O jeito foi abrir as malas no saguão do aeroporto e tentar tirar 6 quilos no total pra poder embarcar as malas com o peso certo. Nessa correria, acabei tirando itens essenciais, mas só me dei conta disso ao desfazer a mala já em Quebec. Tudo despachado, tive de ir pagar o excesso de bagagem, pois são permitidas apenas 2 malas e eu havia despachado 3. Fui em outro balcão para pagar e para minha sorte a atendente estava em treinamento e precisou fazer o procedimento umas 3 vezes até acertar. Haja coração... Paguei a taxa de 120 dólares e comecei a correr pra não perder a hora.

Nessa hora vem a despedida da família, a parte mais difícil de todas. Minha mãe quis despedir em casa, achou que é muito pior me ver sumindo atrás de uma parede no aeroporto. Meu pai e meus irmãos estavam lá, bem como um amigo e meu sobrinho do coração. Foi difícil conter as lágrimas, mas o pouco tempo disponível pra despedir não me deixou pensar muito, foi melhor assim.

O voo saiu no horário previsto, sem tumulto pra embarcar, sem atrasos, mas a tranquilidade acabou aí. Serviram uma salada de pepino com pimentão na janta e eu obviamente esqueci o que minha mãe sempre disse: "não coma pepino à noite!". Pois é... não consegui dormir durante o voo, passei muito mal, tive náusea, dor de cabeça, um mal estar danado. Lá pelas tantas da madrugada achei que ia vomitar no simpático senhor ao meu lado, tive que chamar a aeromoça e pedir um saquinho e um remédio pra controlar a náusea. Tomei o tal remédio, mas não adiantou muito, mais tarde tive que pedir outro e acabei dormindo um pouquinho já chegando a Toronto.

Em Toronto foi tudo muito rápido, não tinha muita fila para passar no primeiro guichê onde checaram meu passaporte e quando viram o visto de imigrante, me mandaram para a sala da imigração. Lá tinha um pouquinho mais de fila, mas não demorou muito. Quando chegou minha vez, a agente de imigração estava gritando com uma adolescente na fila que tinha uma máquina fotográfica na mão, ela disse que era invasão de privacidade tirar fotos, mas a coitada da menina só estava tentando fotografar a plaquinha Welcome to Canadá! Já muito irritada, ela foi me atender e não usou nenhum pouco de simpatia, pegou meus documentos, fez algumas perguntas bem rispidamente e me liberou. Nem me disse Welcome to Canadá...

Depois disso fui buscar as malas pra despachar de novo. No aeroporto de Toronto tem alguns carregadores que se oferecem para carregar as malas, cobrando 10 dólares. Como eu queria poupar meu rico dinheirinho, fui tentar trocar uma nota de 100 pra usar na máquina do carrinho (que custa 2 dólares). Me disseram pra ir até a casa de câmbio no mesmo piso. Quando cheguei lá, a atendente estava de costas e mesmo eu chamando ela nem me deu bola. Daí o telefone tocou, ela ficou mais de 5 minutos no telefone conversando, sem me dar atenção e quando desligou o telefone, veio me dizer que ainda não estava aberta, que não poderia me ajudar. Ai que raiva...

Já pensando que teria que carregar minhas 3 malas gigantes sozinha, fui até o lugar dos carrinhos só pra ver se não tinha como receber troco e daí tive uma feliz surpresa: eles aceitam cartão de crédito!!! Paguei 2 dólares feliz no cartão e fui lá buscar minhas malas. Apesar da dificuldade em empilhar tudo sozinha, consegui colocar tudo no carrinho, despachei tudo e fui procurar minha sala de embarque.

Consegui pegar o próximo voo a tempo e desta vez, nem vi o avião decolar, dormi assim que sentei na poltrona, estava exausta!!!

Chegando em Quebec fui procurar minhas malas, mas na esteira só veio uma. Eu e muitas outras pessoas ficamos com cara de paisagem quando vimos a esteira parar de funcionar e no luminoso escrito que a última bagagem já havia sido entregue. Fui até a cabine da companhia aérea pra reclamar e descobri que minhas malas estavam em outro lugar, destinadas a malas acima do tamanho recomendado. Ooops!

Na saída a família com quem me hospedei estava me esperando, tiraram fotos de mim com a enorme bagagem, mas ainda não vi nenhuma. Foi só então que escutei "Bienvenue au Canadá" e nessa hora quase chorei...

Está tudo bem por aqui, estou cansada mas me adaptando e no próximo post conto como foram os primeiros dias em Quebec.

À bientôt!

domingo, 25 de maio de 2014

É hoje!!!

Estive tão atarefada estes dias que não tive nem como postar. Neste momento estou na sala de embarques do aeroporto, esperando para embarcar no vôo que finalmente me levará a realizar meu sonho! É difícil descrever o que estou sentido, um misto de sentimentos muito grande! Por mais que eu imaginasse esse momento, jamais pensei que fosse assim. Todas as lutas, angústias e espera me levaram até esse destino, apesar de triste pelas despedidas, nunca estive tão feliz. Não sei o que me espera, não estou preocupada com o futuro, apenas agradecida de ter chegado até aqui.


No último dia útil antes da viagem, vendi meu apartamento e comecei a negociar o terreno. Sabia que na última hora tudo se resolveria. Só não consegui transferir meu dinheiro para minha conta no Canadá, mas essa história eu conto depois.

Fiz várias despedidas com diferentes grupos de amigos e em todas fiquei muito bem, sem tristeza, mas despedir da família e dos amigos mais próximos foi difícil. Só naquele momento me dei conta do que realmente estava fazendo e de quanto vai doer ficar longe de todos. Como toda escolha envolve consequências, acho que esse é o preço que terei que pagar para realizar meu sonho.

Agora falta muito pouco para embarcar, dou notícias das terras canadenses.

À bientot!


sábado, 10 de maio de 2014

15 dias e última noite no apartamento.

Somente agora consegui me organizar para mudar para a casa dos meus pais: amanhã será a mudança. Enquanto isso, na última noite por aqui, já sem geladeira, fogão, televisão ou cama, convidei uma amiga pra comer pizza, tomar vinho e ouvir música.

Dá uma tristeza olhar meu apartamento todo vazio... Passei muita coisa aqui, muita luta, muita alegria, muitos momentos de solidão me conhecendo e amadurecendo meu plano. Foi o primeiro imóvel que comprei, decorei como queria (embora nunca tenha comprado muita coisa porque sabia que ia imigrar um dia), cuidei com carinho de cada coisa aqui. Vou sentir falta das cortinas floridas, do guarda-roupa gigante, da mesa de mármore com pé de máquina de costura, do espelho na parede vermelha da sala, da plantinha na janela...

Sei que esse é um passo necessário, mas nunca pensei que fosse ficar sentimental quando chegasse esse momento. Cada cômodo traz lembranças, cada espaço guarda um pouquinho da minha história. Fui feliz e infeliz aqui, é hora de seguir em frente.